quarta-feira, 12 de junho de 2019

A Física não importa porque é Química demais!

"Quando te tinha diante do meu olhar submerso
Não eras minha amante… Eras o Universo…
Agora que te não tenho, és só do teu tamanho"
(PESSOA, Fernando.)



Pelo que não faz sentido




Se apaixonar é querer que meu objeto de desejo me tome, me sorva, me preencha, não deixe nenhum centímetro da minha existência fora de seus limites, que me mastigue, me arranque de mim.

É a minha vontade profunda de mergulhar completamente naquele corpo, de ter todos os meus poros avassalados por frios e calores, dormir em sublimação eterna, gozar até queimar cada pedacinho do meu ser.

Ceder a pele às unhas que só gostariam de rasgar os músculos, suar até derreter, liquefazer.





Não há nada racional em se apaixonar.

Se apaixonar é poesia.


Não tem a ver com tamanhos, posses, formatos.

Não é Física e só não é insubstancial porque é Química demais.

Cheiros, sabores, humores...

É molhar os lábios quando a voz do metrô diz "desembarque pelo lado direito do trem".

Os olhos não vêem nada além de um momento no passado entre o colo e o queixo de quem se quer, o som da respiração arfando...

Abstrata só a descrição do que se sente. Descrição. Porque discrição... Quase impossível.

O corpo funciona perfeitamente, mas a mente quase nunca está presente.

Racionalizar pra quê?

Parece não fazer sentido dizer a quem quero: "Devorar com o peito a vontade de você é efeméride de mim no futuro".

Mas, o fervor no sangue dá significado!

Ou, então: "Vivo o presente torturado pelo passado, que invade minhas narinas como a água do mar que decidiu turbilhoar caminho até meus pulmões contra minha vontade".

Aliás, tudo é descontrole a serviço da vontade.

Só de imaginar, os olhos enchem d'água, né verdade?

Como podem dois momentos de presença, soarem apaixonadamente medo de não estar junto? Uma lembrança do passado, uma imaginação no futuro.

É o abandono da razão.

Então, racionalizar pra quê?

O foda da paixão é que ela tem nada a ver com a outra pessoa.

É torcer para que seu furacão encontre outro furacão, girando a tempestade na mesma direção.

No final das contas, os dois mundos estão arrasados.

E quem em sã consciência não quer uma coisa assim?

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