"Você não é como os outros. Eu vi alguns; eu sei. Quando eu falo, você olha para mim.
Ontem à noite, quando eu disse uma coisa sobre a lua, você olhou para a lua. Os outros nunca fariam isso.
Os outros continuariam andando e me deixariam falando sozinha. Ou me ameaçariam.
Ninguém tem mais tempo para ninguém. Você é um dos poucos que me toleram.
É por isso que eu acho tão estranho você ser bombeiro.
É que, de algum modo, não combina com você"
Ontem à noite, quando eu disse uma coisa sobre a lua, você olhou para a lua. Os outros nunca fariam isso.
Os outros continuariam andando e me deixariam falando sozinha. Ou me ameaçariam.
Ninguém tem mais tempo para ninguém. Você é um dos poucos que me toleram.
É por isso que eu acho tão estranho você ser bombeiro.
É que, de algum modo, não combina com você"
(MCCLELLAN, Clarisse. [BRADBURY, Ray. Fahrenheit 451, 1953])
Nada mais fluído...
Já que o texto também fala de humores.Quanto mais o tempo passa, mais vontade de escrever autobiografia tenho.
No entanto, escrever é mais emoção que gramática na maior parte do tempo. É mais leitura e entrega, mais viver e sentir, experimentar e derramar-se (quando não há mais espaço pra guardar os humores das dores) do que qualquer outra coisa. Por exemplo: penso nas palavras que preenchem esse já não mais branco documento de texto, ouvindo Volver - Acima da Chuva.
E como uma confissão gratuita: eu choro, sim.
Bem, não é tão gratuita assim.
Achei que fosse inabalável, mas tem muita parada represada. Aliás, "parada" e "humores" me lembram que água não deve ficar estagnada; líquidos devem fluir. É saudável chorar, assim como sangrar, até certo ponto (e medidas as devidas proporções e metáforas), também é.
Sobre as lágrimas, pessoa: até dia desses, um eu amedrontado se via pasmo com a incapacidade de se sensibilizar com as coisas que tocavam à maioria. "Será que eu sou um psicopata... sociopata?", pensei. Você já se viu perguntando a si mesma coisas assim?
Aí, no limite dos porquês, uma coisa muito doce, simples e quase imperceptível (e que já não me vem à memória), me relembrou a humanidade em mim. E é assim, na base da espontaneidade que me pego apreciando até mesmo a tristeza.Gente, é sério quando digo que chorei em Logan! Mas, não vou dar spoiler sobre o filme.
Mas, esse texto é pra falar do que não há. Ao menos, do que não há mais. Do vazio ou daquilo que lá está, mas que não pode/quer mais estar do lado de cá. Das coisas que, sem motivo aparente, se vão ou não acontecem como o planejado.
E, não importa a causa. Pode, simplesmente, não ter explicação. Ou é provável que nenhuma palestra que se valha aplaque a perda. A perda até daquilo que não foi.Sabe o "saudade do que a gente não viveu"? Então! Apesar do meme… acontece.
A gente é bem egoísta no final das contas, por mais que tenhamos certeza que na maioria das vezes somos boas pessoas. É um traço de memória primitiva pela sobrevivência que nós trazemos, li em algum lugar. Sei, sei: Neeerd.
O "mas, eu sou uma pessoa diferente…" quase nunca leva em consideração o que o outro lado sente. Essa vontade de que não mude. De que dure pra sempre. Esse medo do fim. Você também? É tão bom dialogar, sabia?
Que bom que veio comigo até aqui.
Sobre as lágrimas, pessoa: até dia desses, um eu amedrontado se via pasmo com a incapacidade de se sensibilizar com as coisas que tocavam à maioria. "Será que eu sou um psicopata... sociopata?", pensei. Você já se viu perguntando a si mesma coisas assim?
Aí, no limite dos porquês, uma coisa muito doce, simples e quase imperceptível (e que já não me vem à memória), me relembrou a humanidade em mim. E é assim, na base da espontaneidade que me pego apreciando até mesmo a tristeza.
Mas, esse texto é pra falar do que não há. Ao menos, do que não há mais. Do vazio ou daquilo que lá está, mas que não pode/quer mais estar do lado de cá. Das coisas que, sem motivo aparente, se vão ou não acontecem como o planejado.
E, não importa a causa. Pode, simplesmente, não ter explicação. Ou é provável que nenhuma palestra que se valha aplaque a perda. A perda até daquilo que não foi.
A gente é bem egoísta no final das contas, por mais que tenhamos certeza que na maioria das vezes somos boas pessoas. É um traço de memória primitiva pela sobrevivência que nós trazemos, li em algum lugar.
O "mas, eu sou uma pessoa diferente…" quase nunca leva em consideração o que o outro lado sente. Essa vontade de que não mude. De que dure pra sempre. Esse medo do fim. Você também? É tão bom dialogar, sabia?
Que bom que veio comigo até aqui.
Não é à toa que o nosso estado emocional não é constante: fluímos
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Deixa eu fazer uso da metafísica mais comum para brincar com as palavras? Você e eu podemos ter sido feitos do barro, mas a prova de que somos orgânicos e mutáveis é que sangue corre nas nossas veias. Aliás, dependendo do gênero, quem lê já é criatura mais sofisticada. Ao menos, assim está escrito.
Até para quem crê na ideia do "mesmo ontem, hoje e para sempre" tem como base um livro recheado, do Gênesis ao Apocalipse, de mudanças. As pessoas mudam. As coisas mudam. Findam. Por curto espaço de tempo. Por muito… pra sempre. Às vezes, com anúncio prévio, muitas vezes sem avisar.
E como é doloroso e ao mesmo tempo um alívio olhar para a memória delas e deixar o humor fluir para acalentar o peito. Tão sabiamente nós nos valemos da palavra para evocar o sorriso. Mas, não dá pra esquecer que dia ou outro o mau humor também bate à porta. (risos)
Hoje, 21 de janeiro, sol brilhando para quem é de Aquário, signo de Ar, este que carrega a chuva que vai e vem da umidade que atravessa um continente inteiro pelos rios aéreos pra esquentar minhas veias e orvalhar meus olhos.
Sabe, os lábios inchados de sangue, por culpa do coração lá embaixo respondendo, latejando todas as extremidades do corpo? Da luta para evitar que o nariz participe… aquele esforço de não parecer feio. Feio. Séculos depois e o conceito do que é belo não nos permite nem a emoção em paz.
Sabe, quando vem a lembrança mais feliz do passado no meio desse espaço insubstituível e você ri? Alegria e tristeza juntas, dividindo o mesmo rosto, às vezes só por frações de segundos.
Aquela vontade extrema de se entregar à infantilidade e só desabar na cama, de gemer até soluçar, enfiar o rosto no travesseiro e deixar a alma te lavar… até cansar e desmaiar num profundo e gostoso sono restaurador. Ser adulto não é o que eles dizem.
Sabemos bem que "adulto" é só um título que as pessoas que viveram mais que os jovens usam para fingir que tem resposta pra tudo. Não é verdade. A gente vai vivendo, improvisando...
Sabe o que mais? Eu não preciso ser uma rocha, nem mesmo ser de ferro… Não preciso ser máquina.Aliás, que fetiche é esse de achar que por que cresceu, virou objeto? Eu, hein!
Nem eu… Nem você.
Aquela vontade extrema de se entregar à infantilidade e só desabar na cama, de gemer até soluçar, enfiar o rosto no travesseiro e deixar a alma te lavar… até cansar e desmaiar num profundo e gostoso sono restaurador. Ser adulto não é o que eles dizem.
Sabemos bem que "adulto" é só um título que as pessoas que viveram mais que os jovens usam para fingir que tem resposta pra tudo. Não é verdade. A gente vai vivendo, improvisando...
Sabe o que mais? Eu não preciso ser uma rocha, nem mesmo ser de ferro… Não preciso ser máquina.
Nem eu… Nem você.
Deixa fluir. Se deixe sentir.
E se não dormir...? Se não dormir, depois, com os olhos inchados, numa exaustão deliciosa, eu sei que vou voltar a saber o porquê de ter amado cada segundo do que foi e vou valorizar muito daquilo que não é mais. Se você se identifica com cada parágrafo dessa confissão, sei que a sensação é a mesma daí também.
Que bom que veio comigo até aqui.
Esse é meu presente.
Por um lado, sei que o futuro não existe.
Por outro, eu sei que o futuro é logo ali.
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