sábado, 26 de junho de 2010

Vinte e Poucos Anos (II)

Desculpe-Me, SCHKAR...


Parece até brincadeira, mas eu não entendia bem o quanto meu cachorro significava para a estrutura da minha família... Nem pra mim.
Incrível como nós ficamos anestesiados para a vida e só nos deixamos afetar por influência de terceiros... Foi assim que percebi o quanto eu deixo de viver e aproveitar bem a vida: "Assisti 'Marley e Eu' ".



Até então eu só lembrava com graça do meu cão quando recitava as proezas que ele fazia no meu quintal (aliás, de barro socado e com pouca base para protegê-lo do frio e da chuva)...

O Schkar Shantalas (carinhosamente chamado de Schkar) é meu cãozinho de estimação desde 2004... Ele praticamente é como se fosse um filho meu. Pretinha, sua mãe, era muito esperta e matreira. Conseguia escalar um muro de 3 metros, morria de medo de fogos de artifício e andava nas duas patas traseiras pra chamar a atenção. 

Ela se requebrava tanto quando balançava o rabo que meus amigos diziam que era o rabo que a balançava! Ela era espetacular o suficiente para dar a luz a três ninhadas: duas de 8 filhotes e uma de 7.

Ela morreu precocemente ao atravessar a avenida do bairro onde moro prenha de mais uma penca de cãezinhos.

Felizmente, o Schkar nasceu em sua 2ª gestação. Apaixonei-me por aquele cachorro cinzento e cheio de marra!

Foi uma luta com a minha mãe para ficar com ele, afinal, pobre não tem dinheiro pra nada, mas na casa tem cachorro, gato, periquito, papagaio...

Ele se sobressaia aos seus irmãos porque era o mais peludo e mais forte, daí o nome estrambótico (Schkar Shantalas é um Dragão de 700m de comprimento governante de um Reino num jogo de Fantasia Medieval).

Nos primeiros meses de vida ele teve a doença do carrapato... E cuidei dele como se fosse um filho. Remédios e banhos, mas nada de dar resultados. Então raspei todo o pêlo cinzento do meu vira-latas (que pobre tem mania de dizer que é “raciado”) e ele ficou entre a vida e a morte. A situação dele estava tão crítica que ganhou o apelido de “lich” (um tipo de morto vivo) não dávamos a ele mais que alguns meses, entretanto ele resistiu!
Seu pêlo voltou a crescer, mas agora amarelado, e ele foi ficando forte e vistoso.

Possui a inteligência e tenacidade da mãe. Fica em pé, defende a casa, salta altíssimo, não sobe em muros, mas chega bem perto disso... Quando me via corria umas duzentas vezes em volta da casa mostrando que estava contente.

E eu... Eu me fechei.

Fechei-me pra tantas coisas que esqueci que esse bicho que me olha desconfiado no quintal me ama. Acho que tal qual a minha mãe ou a um filho.

Conto aos meus amigos os saltos que essa criatura dá pra pegar acerolas e pitangas no quintal (ele gosta muito de comê-las!)... Até graviolas ele degusta vez ou outra.
Ele não tem medo dos fogos como a mãe, corajoso, chega até a enfrentá-los latindo pra eles.

É carinhoso e protetor com todos da casa. Até os gatos que vão e vem em nossa vida ele respeita (e supera até os ciúmes de que permitimos aos gatos permanecerem dentro da casa e a ele não).

Quando tento me lembrar da ultima vez que brinquei com meu amigão me dá um nó na garganta de remorso.
Lembro-me da ultima vez que briguei com ele... Isso me envergonha demais!

Ele me olha de soslaio... 
Balança a cauda esperançoso... Triste.

Perdoe-me, Schkar... Vou tentar ser um dono, ou melhor dizendo, um amigo de valor dessa vez.









P.S: Esse texto, logicamente, não foi para o Schkar - meu cachorro -, mas sim, para vocês donos de cãezinhos (ou os que pensam em adotar um). Há muito feedback entre o cachorro e o dono. Dediquem-se... Os animais também sentem.

2 comentários:

  1. Adorei o post maninho, o filme marley e eu me fez chorar quando lembrei do meu que ja não esta mais aqui...
    E realmente as vezes esquecemos de valorizar os animais que conosco estão nas horas boas e dificeis, nossos sempre amigos e companheiros de todas as horas.

    A hug!

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  2. Lindo post, quanta sensibilidade! Sensibilidade até para notar o quão insensíveis, às vezes, nos tornamos com o tempo..
    Um olhar sem pré-condições,sem esperas. Um balançar de rabo que resume tudo o que significa um sorriso,um abraço. Amor. Talvez só quem tenha vivido essa conexão com um animal compreende do que falamos, compreende essa plenitude! Eu AMO Bentinho :)

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