terça-feira, 5 de abril de 2011

Vinte e Poucos Anos (XIII)

Um DIA DE SILÊNCIO...
(Prelúdio)




Acontece à força... 
A voz me foge.
Depois de um estupor enraivecido ela se vai... 
Aos poucos.
Deixando-me de leve... 
De um modo que eu nem perceba bem.
Às vezes ainda dando som às minhas músicas... 
Às minhas poesias.


Tornando-se etérea... Efêmera.





Meus olhos não suportam perceber tal abandono. 
Eles sangram lágrimas contidas... Apenas a ponta do iceberg mareja-os. O infinito oceano de tristeza e frustração permanece debaixo das máscaras de firmeza, alegria, simpatia, carisma. 
Ainda na rouquidão falha de sua agonizante despedida era bela e cativante... Atraía, seduzindo assim a mim mesmo – seu dono, seu portador... Que embevecido de seu charme e com o Ego massageado me reapaixono por ela –.


Hoje ela é só um sussurro.
Hoje ela me arde a garganta quando tento fazer com que entoe uma única palavra.
Mesmo que seja "saudades", a palavra mais bela que tais lábios, guardiões de sua saída, já pronunciaram. 
Favorita tanto dela quando minha por possuir timbre tão poético... 
Ela rasga minhas entranhas desde as cordas vocais até o diafragma... Destruindo e esquartejando consigo meu coração e me trazendo apenas... Um sussurro.


Minha voz...
Meu pronunciar de diminutivos favoritos.
Ela que adora transformar “J” (jota) em "djey" e “K” (ká) em "key".


Quem alcança falsetes e tons que não a pertencem apenas para agradar a meus ouvidos e meu senso crítico de satisfação geral.


Ela que pode ser ríspida, grave, subtonada, desafinada, melíflua, sexy, irritante, cadenciada, articulada, envolvente, seca, cortante e tantas em si mesma.


Decidiu, por força de um estorno, não me dar o ar de sua existência. Por um dia.


Ela apenas me pede um dia de silêncio.


Mas quanto tempo durará esse dia?



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