Encontro Inusitado

Sobre GUARDIÕES...

Não é difícil atender a um pedido do meu bom garoto.
Por isso ainda me via aqui observando essa bela jovem dormir.

Um de meus Irmãos observava pela janela. Devo admitir que seja difícil lidar com ele – principalmente depois que absorveu boa parte da personalidade dela –, mas depois que minha visitas tornaram-se corriqueiras desenvolvemos um relacionamento  aprazível.

Foi complicado me acostumar também com as visitações que ele permite. Assim como meu protegido, sempre fui da fronte. Afasto ameaças.
Percebi, com as elucidações dele, logo que não as eram.
Já apareceram visitadores ruins e tratei de exterminá-los. Compactuei com o defensor dela e enquanto ele defende seu sono, sua integridade, seus sentimentos, sua família... Eu aparto os males.


De pensar sobre minha real função fico impressionado.
É estranho proteger quem tem no âmago as mesmas habilidades que eu. Permiti que todos os seus dons fluíssem – e já fui canal para eles também. “Humano por opção, prefiro sentir.” Ele vive repetindo e diversas vezes eu acredito.
É uma lógica estranha, mas já o vi fazer coisas incríveis para um simples homem. E ele não é um varão comum. Ficar ao lado enquanto ele diz: “deixa que enfrento essa... Sozinho!” já virou rotina.
É perigoso às vezes. Homens como ele mudam a direção de seus destinos e fazem com que seus guardiões trabalhem em dobro. Mas parece que meu rapaz sabe disso e sempre se faz ouvir: “tudo bem, eu escolhi.”. Me orgulho dele, mas nunca deixo de resguardá-lo.

A Morte cerca-nos a todos. Até mesmo os de nossa natureza.
Quanto mais fluxo de vida, mais a Morte detém especial interesse. Deve ter um sabor especial levar quem tem uma explosão de energia. Donos do Destino, como eu costumo dizer – aqueles que utilizam do livre arbítrio –, têm um paladar especial ao toque daquela que ceifa a vida.
Vez por outra ela afaga o coração dele. E ele a enfrenta vorazmente.

Esse comportamento me faz temer o pior. Temer que eu me descuidasse.
Hoje, ao ouvir o som da respiração dela me dei conta de uma aflição inconfundível na casa de meu protegido.

Voar milhas e encontrá-lo envolto em suas próprias asas.
Já fui testemunha de seu pranto várias vezes.
Mas dessa vez seu coração está muito atribulado.
 

– אל תעזבו את ההנהגה על-ידי כעס. ההסכמות כעס לבוא, להרגיש אותו שלך מלאות ו לתת לזה לעבור.

Enquanto falo ao seu coração. Havia notado que a genitora estava no quarto, mas fixa e estranhamente olha pra mim.

– “Quem é você?” Ela balbucia com medo.

– “O coração dele está em agonia. Tive que vir de onde ele mandou-me ir”.

Acho que preciso ir...
Espero que o Pai me perdoe.

P.S: Esse texto é em homenagem a minha mãe que, novamente, fechou a casa e entrou no quarto para me cobrir e disse que viu um homem velando meu sono que disse a ela: "tive que voltar".