Crônicas de Jack (II) - More Than a Pet

"Quando um louco parece completamente lúcido é o momento de colocar-lhe a camisa de força." (POE, Edgar Allan) 

Jack 

the human being

Voltar pra casa é diferente quando se tem a presença de um pet, porque é o mesmo que possuir um membro da família em casa ou até um roommate. Só que um gato é um gato. Então, o que ele faz quando eu chego? Fica lá deitado na sua cama, você deve imaginar. 
Eu diria, sim, mas não é o caso. Se um dia eu chegar e antes de destravar o cadeado do portão o Jack não aparecer subindo escada acima já é motivo para preocupação.

Ele aprendeu que eu gosto de ser recebido. E aprendeu que eu gosto de música, sons e diálogos. Já chegou a me esperar até no ponto de ônibus, quando eu retornava da faculdade (a duzentos metros de casa). Já me acompanhou até o mercado (like a boss dog). Obediente e sem frescuras. É, também aprendeu que eu não curto mimimi (nem de bicho).

Uma semana dessas, porém, ao chegar de um evento que fui cobrir para a fanpage em que sou colunista, achei estranho ele não vir ao portão me receber. 

Desci rapidamente o lance de escadas (1, 2, 3, 4, 56789.... 23 degraus) e o chamei no caminho.

Entrei em casa e para minha surpresa ele estava sendo gato.

Tão acostumado à sua vibe human being, encontrá-lo preguiçando na própria cama (e não na minha) me causou certo espanto. 

Jack é um gato adulto. Como não sei ao certo o dia em que ele veio ao mundo, faço do meu aniversário aniversário dele, também. 
Assim sendo, em Junho ele completará quatro anos.

E quatro anos não é velhice para um gato!

Conversamos. É a gente troca uma ideia. E nessa conversa eu perguntei ao ser o que havia e, simplesmente, ele me olha com sua famigerada cara de quié p*##@? põe a pata direita na orelha e volta a me fitar. Nenhum miado. 
Ao examinar, percebo que o ouvido dele estava inflamado.

—"Otite", disse o veterinário.

Contei que o gato me disse o que estava sentindo e o Sêo Paulo riu.

— "Eles costumam ser mais gente do que a gente, às vezes."