segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Pausas (I) - Agostando


Pausas

É contínuo? Não. É intermitente

Traço a meta e simplesmente sigo em fren... Mentira. Quer um trecho de música que combina muito comigo (e talvez com você que lê, também)? ♪“É sempre assim. Me distraio, me distraio. Me distraio facilmente: ‘Olha lá o avião’”♫.

Estando eu focado, também vivo o mundo ao redor (meu querer tem sede de tudo e deseja absorver o máximo possível do que parece ser bom). Mas não foi sempre assim. Como também, talvez não fosse assim com você – que com os olhos, desliza e salta de palavra em palavra (e até há uma leve chance de que ouça minha voz nelas) –.

Hoje, há mais calor, aroma e sabor nas cores. A vida, que eu acreditava ser entupida de monotonia, era enquadrada pela armação dos óculos de senhores sabe-tudo. Preto e branco. À minha miopia metafórica (porque a física só me dá um pouco mais de constrangimento, contratempo e – às vezes – charme), o mundo não existiria sem mim. Filosoficamente, talvez estivesse correto, mas a questão é que não sabia nada – e muito pouco sobre eu mesmo.


Ao receber um sorriso límpido de qualquer predeterminação, afetação e interesse vindo de uma criança de ±6 meses de vida (sem contar o tempo de gestação, lógico), meus olhos explodiram o vermelho de seu vestidinho, o castanho-escuro de sua íris, os tons róseos (meio babados) da boquinha e reverberaram a vida que esfuziava da inocência de seu olhar. As palavras desconexas e o sorriso de alegria (plena) fizeram meus olhos quase ceder ao que não ocorre há meses.

Aí me vi falando em gutigutilirês (inventei essa palavra agora) enquanto o ser, jorrando entusiasmo, sorria e conversava de volta. Ao mesmo tempo em que meu coração enchia de felicidade (coisa que tem “picos de ser” e não “estar pra sempre”) e os olhos a semitransbordavam, ouço outra voz no córtex sensorial (auditivo) afagando o fato das crianças (em especial os bebês) terem uma queda por mim.

É, nêgo, memória prega peças por relembrar também.

E aí... Sentimento novo o de amar alguém que nunca vi – e nem chegou a existir.
 
O coração contrai.
 
É contínuo? Não. Não pode, senão fibrila.
É intermitente. Sim. Deve pulsar.
O sangue tem que navegar pelos corredores do corpo, levando a provisão para os hóspedes instalados nessa estrutura calamar (com milhões de tentáculos, ao invés de apenas 10).

Olho a hora... ~Dezessete horas e poucos minutos~ Encortino as janelas da alma. Respiro o aroma que apenas imagino. Sinto-me sorrir satisfeito com a felicidadezinha dolorida que reproduzi no ultracurta-metragem de segundos que visualizei.

Agradeço mais uma vez por ter aprendido a amar.

A vida tem que continuar.


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