quarta-feira, 20 de julho de 2016

Era Um Garoto (X) - "North Remembers"

Agora Posso Voltar
Quem um dia irá dizer que não existe razão
nas coisas feitas pelo coração?

(RUSSO, Renato. Eduardo e Mônica. 1986)




North ever forgives & never forgets

Escrever é pra todos. Fazer sentir com o que está escrito é um dom pra poucos. Dentro dessa perspectiva, eu falhei miseravelmente em concluir o desafio a que me propus no mês de Junho — o PH Poemaday —. Na real? Tava frustrado com a minha falta de inspiração e meio triste comigo mesmo.


"Eu não fiz questão de estar aqui, nem mesmo de participar..."


Essa coisa de querer deixar Marcas Eternas (menção proposital), ser lembrado, tocar com minhas histórias, afetar com composições, canções, criar novos mundos.... ~Grrrrrrr~


Bem, o desafio ficou pra trás. Morreu no dia 09 de Junho e meu débito foi de 21 textos. Pensei diversas vezes em ir fazendo-os aos poucos, para honrar a promessa de cumpri-lo; ele me provocava. 

"E ainda acho que o meu cotidiano... Vai me largar..."

Mas, eu conheço esse filme. Me conheço bem. Quando me vem a obrigação por imposição seja lá do que for, diminui a vontade. Talvez seja coisa de geminiano. Ou meu ascendente em Sagitário. Minha lua capricorniana. Ou meu Vênus em Áries. E sou orgânico, não de ferro. Da mesma forma que levantamos, podemos cair. Seja pela gravidade ou, grave, mais tarde, pela idade.

Foi assim com a finalização do meu Trabalho de Conclusão de Curso. O tesão abrandou quando, apesar da capa ser incrível e o livro reportagem abordar um tema que não há ao menos uma única bibliografia sobre, não senti inspiração no todo; não mexeu comigo. Quis tanto vir e gritar pro mundo olha aqui, porra! meu livro, tá pronto e ele é fodástico! Vai mudar o mundo!, mas não rolou a vibe.

"Um dia eu vou morrer. Um dia eu chego lá... Eu sei que o piloto automático vai me levar..."

Pensei em fazer o mesmo sobre a colação de grau. Finalmente, jornalista! Algo tão importante (mais até que a publicação dos meus dois contos pela Editora Andross) não poderia passar despercebido... Eu teria que publicar algo. Passou. Não despercebido, lógico. Só... Não rolou a vibe.

"Eu devia sorrir mais, abraçar meus pais, viajar o mundo e socializar..."

Pois é. Funciono assim. Sei da máxima inspiração vem com transpiração, sei que preciso forçar a criatividade para ela vir. Mas, creio que no momento que liguei o foda-se não sou obrigado a fazer o que não quero, acabei abrangendo mais coisas do que deveria. Eu amo isso aqui

"Nunca reclamar, só agradecer... Fácil de falar, difícil fazer..."

Leu a última oração do último parágrafo? Então... Às vezes o que amamos também nos cansa. Mas não justifica abrir mão por conta disso, você não acha? Eu também acho. Mas, percebi uma coisa muito louca há pouco mais de dois anos: não posso ser escravo do que amo. Além da poesia, em nenhum lugar, nem mesmo na mesma frase, amor e escravidão devem ser levados em consideração como algo positivo.


"Quase toda vez que eu vou dormir, não consigo relaxar... 
Até parece que meus travesseiros pesam uma tonelada..."

Amo pessoas, sim. Cheguei a algumas vezes me apaixonar. Algumas paixões duram mais do que outras. Um dia, todos os dias, hoje. No entanto, me abstive de aprisionar os sentimentos alheios ao que não posso corresponder. Pra não criar expectativa, sabe? E falhei miseravelmente. As pessoas sofrem independente da minha vontade, e Deus!, eu ainda não tenho superpoderes, mas como eu queria tê-los!


"Eu nunca fiz questão de existir, não queria incomodar..."

No entanto, aprender a enxergar as coisas e pessoas que amo, não me deixar escravizar por elas e aceitar que o sofrimento alheio é algo que independe de mim, me fez ficar pronto. 
A felicidade dos que me permitem a aterrissagem, mesmo em momentos em que não faço parte, me alegra. O amor é independente. É livre. Seja ele ar, fogo, terra ou água.

"Um dia eu acho um jeito de aparecer..."

Entender, me fez sair da sacada, eu era muito novo pra brincar de morrer pro mundo. A percepção errada da vida apronta dessas, sabe? Agora eu posso descer, tomar um café, conversar... Sei que, além de mim, vai ter alguém pra me ouvir e me convencer que a vida é como mãe... E a morte é como pai.  E seria uma alusão perfeita há alguns anos levando em consideração que eu amo a vida demais. Mas, eu perdoei a morte ano passado. Agora posso voltar.

Afinal, o norte é sempre mais quente que o sul, não é mesmo? 
É diretriz. É ponto cardeal. É sentido. É sentir. Nunca esfria. Nunca esquece.
Agora posso voltar... De onde e para onde eu quiser.

"E você notar... Você notar... Você notar..."





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