Relevo
Não moço, não te odeio. Eu só cansei de te esperar.
Tu sabes que não é pela presença física e nem pelo calor do teu abraço, que aliás eu adoro, mas por tu estares. Tu entendes bem, que eu sei.
Ah! Exauri minha capacidade e minhas bolsas lacrimais... E olhe, não pela reciprocidade, mas eu sou de Virgem e como bem o sabes, gosto de ser romântica e de me importar. Mas, eu aguardava a importação desse cuidado do teu país e ficava a ver navios. Nem a Ali Express é tão morosa!
Era paixão, sim. E eu me deleitava com a crueldade da tua literatura. Aquelas palavras carregadas de sensações e sentimentos. Aonde café, amor e zumbis do cotidiano faziam amor com meus devaneios, eu pensava nesse misterioso castanho dos teus olhos, ora infantis, ora selvagens, ora machadianos... Ora, ora, ora! Tantas horas em que lembrava teus gestos. Apaixonam até as fortalezas em infinitos particulares. Não vou culpar apenas teu signo, porque bem sei que a criatividade que ele te derrama me fez derreter por ti — mais vezes do que consigo me lembrar —.Gosto dos pingos nos is, de me preparar para as viagens, de planejar meus objetivos, fazer orçamentos e tu, doido, sugeriu me bagunçar um pouquinho. Eu disse, sim! Custava arrumar teu quarto um pouquinho? Os dedos não caem, sabia?
Podes curtir. Eu vejo. Comenta lá. Eu até gosto.
Ouço tua voz e vamo combinar: que voz!
Mas não mais me abalo. Liguei o c'est fini — porque não falo foda-se —.
Só não entendo a tua placidez. Essa tua cara de que tudo está bem... Pensa que me engana?
Nunca vi muralhas de vento sem esforço. Rola sempre tempestade. És Ar e não esqueço.
Já no meu caso, é na tranquilidade que eu levanto minhas muralhas.
Confesso: sua erosão me criou relevos. "Olha minha cara de quem gosta de você." Eu relevo.
by J, 55th Embossed Lady
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