A Primeira Vez
Penetrou-lhe a garganta. Por dentro. Mão na base; cabo. Pôs adentro aos poucos, lágrimas brotaram a cada centímetro engolido.
A respiração quase um fardo. A língua teimosa resvalava na dureza sinuosa. E o resto do corpo respondia. As narinas ardiam temerosas e a úvula à míngua. Queixo levantado e suplica desejosa, sustentando o beijo mordaz de uma boca audaciosa.
Olhos não mais no objeto; no teto, lacrimejavam a luxúria implacável do público que assistia e - boquiaberto - inconfessavelmente, pedia: "que jorre o liquido sagrado e nos satisfaça plenamente".
Totalmente tragada pela bainha, finalmente. De fora apenas o talo e as mãos em regalo, braços abertos, formavam a cruz. Da platéia os aplausos e euforia expelida. Puxa de si a lâmina que ameaçou sua vida. Se curva o faquir regozijado e no sorriso o alívio; à sua arte fez jus.
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