sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Presente em sete dias (Go with the flow)

“Sabe oq fico pensando
Q deve ser mt mais do que vc descreve
Não poucas vezes que eu me pego pensando nisso
Será se um dia a gnt consegue?”

Aproximo

Venho tentado aprimorar a conversa entre você, que me lê, e eu, lírico ou nem tanto. E devo aconselhar que não é uma boa me ouvir (seja lá como minha voz soe na sua mente) enquanto ouve álbuns como “AM”, “Babylon By Gus - Vol. I: O Ano do Macaco” ou “After Hours”.

Nossa experiência, juntos por aqui, tem se tornado quase um guia turístico e uma coluna musical. Na última vez que nos vimos, bem, me debruçava sobre meus pedaços reenergizados, após Pernambuco me temperar ao sabor dos ventos e de som. Isso me lembra outro momento sobre ser "brisa e tornado quando dá na telha" ...

Se você é um rosto conhecido, provavelmente sentiu o pareamento com a minha mente. Afinal de contas, minhas introduções trazem um pouco de como a narrativa surge no meu cérebro. Se teve a oportunidade de ouvir áudios meus, sabe bem do que estou falando.

Ainda continuo o mesmo escritor medíocre – abaixo da média tantas vezes que o impostor diz ter síndrome de mim – e também mantenho firme a ideia que fazer minhas palavras chegar até você é mais emoção que gramática. “Mais entrega, mais viver e sentir, mais derramar-se do que qualquer outra coisa”.

Então, se prepare! Esse é mais um texto a la Jackson Pollok.


fluxo Jackson Pollok
Um tantinho de digressão para estimular a criatividade

domingo, 18 de outubro de 2020

Brisa: toda tempestade começa com uma

"No Nordeste faz calor também, mas lá tem brisa."
(BANDEIRA, Manuel. Meus Poemas Preferidos, 2002)

"Abandonei-me ao vento. 
Abandonei-me ao vento. 
Quem sou, pode explicar-te o vento que me invade.  
Abandonei-me ao vento como um grão.
(...) 
Sem a opressão dos ganhos, utensílio, abandonei-me. 
E assim fiquei conciso, eterno. 
Mas o amor guardou meu nome." 

(NEJAR, Carlos. Amar: a mais alta constelação, 1991)
 


Viajar e brisar...
Para fazer repirar a inspiração.


Se há uma coisa que eu amo é perceber-me ainda movido pelas minhas paixões. Escrever, com certeza, é uma delas. Viajar, também. Oxigenar a vida, é importante demais e em tantas escalas que me fez perceber que não à toa, eu sou regido pelo signo do ar. Mas, calma! Não é um texto sobre signos (não totalmente... é, sim, vai! Quem eu quero enganar?). Nada pra mim é melhor do que perceber a mim mesmo sob a égide de algo tão orgânico e vivo: o ar.

Aliás, não apenas o ar como conceito abstrato, mas em movimento. A gente aprende tanta coisa sobre isso na escola... Mas, fica lá. Afinal de contas, quem quer saber o que é monção, vento alísio, contante, periódico? 

Imagino que esse conhecimanto fica guardado na mesma gaveta que a fórmula de Bháskara e a Revolução Francesa. Mas, deixa eu te contar: quando toca a vida, todo mundo quer saber que toda tempestade começa com uma brisa (a polissemia que habita nessa palavra... ou melhor, a ambiguidade, me fascina).


Sinta a Brisa

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

21 de Janeiro - Primeiro Dia de Aquário

"Você não é como os outros. Eu vi alguns; eu sei. Quando eu falo, você olha para mim.
Ontem à noite, quando eu disse uma coisa sobre a lua, você olhou para a lua. 
Os outros nunca fariam isso.
Os outros continuariam andando e me deixariam falando sozinha.  
Ou me ameaçariam.
Ninguém tem mais tempo para ninguém. 
Você é um dos poucos que me toleram. 
É por isso que eu acho tão estranho você ser bombeiro. 
É que, de algum modo, não combina com você"
(MCCLELLAN, Clarisse. [BRADBURY, Ray. Fahrenheit 451, 1953])




Nada mais fluído...

Já que o texto também fala de humores.

Quanto mais o tempo passa, mais vontade de escrever autobiografia tenho. Maldito ego huehue. Infelizmente, elas envolvem terceiros, que no fim, não merecem exposição por um… escritor medíocre. Aliás, abaixo da média muitas vezes.

No entanto, escrever é mais emoção que gramática na maior parte do tempo. É mais leitura e entrega, mais viver e sentir, experimentar e derramar-se (quando não há mais espaço pra guardar os humores das dores) do que qualquer outra coisa. Por exemplo: penso nas palavras que preenchem esse já não mais branco documento de texto, ouvindo Volver - Acima da Chuva.

E como uma confissão gratuita: eu choro, sim. 


Bem, não é tão gratuita assim.

Um frame na memória se torna toda a memória

quarta-feira, 12 de junho de 2019

A Física não importa porque é Química demais!

"Quando te tinha diante do meu olhar submerso
Não eras minha amante… Eras o Universo…
Agora que te não tenho, és só do teu tamanho"
(PESSOA, Fernando.)



Pelo que não faz sentido




Se apaixonar é querer que meu objeto de desejo me tome, me sorva, me preencha, não deixe nenhum centímetro da minha existência fora de seus limites, que me mastigue, me arranque de mim.

É a minha vontade profunda de mergulhar completamente naquele corpo, de ter todos os meus poros avassalados por frios e calores, dormir em sublimação eterna, gozar até queimar cada pedacinho do meu ser.

Ceder a pele às unhas que só gostariam de rasgar os músculos, suar até derreter, liquefazer.





Não há nada racional em se apaixonar.

Se apaixonar é poesia.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Era Um Garoto (XIV) - O dia em que eu morri

“Nossa atitude insincera perante à morte torna a vida insípida e vazia” .

(FREUD, Sigmund)


“O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na 
nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela”
(PESSOA, Fernando)





O dia em que eu morri


Há poucos dias - diria: há pouco tempo - eu morri. Calma! Eu não morri de verdade, verdadeira! Morri só um pouquinho. Coisa de poucos segundos. Meu coração não podia me representar tão bem se não se rebelasse contra mim. 

O que já não é novidade na minha história. É a terceira vez que o acontece, mas foi a primeira vez que me ocorreu extremamente sozinho (e depois de ter esquecido completamente disso).

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Era Um Garoto (XIII) - Afastamento

"Era uma despedida de ti, intencionalmente prolongada, com a peculiaridade 
que ela, apesar de imposta por ti, corria na direção que eu determinava"
(KAFKA, Franz. Carta ao Pai)


Afasto



"É uma característica do signo", me disseram. Ué! Tem uma galera que acredita na máxima que inventei agora "geminianos são brisa e tornado quando dá na telha". Prefiro, particularmente, a ideia da autonomia e maturidade emocional. Que, convenhamos, tá longe de ser plena a senhora maturidade. Mas, inevitavelmente uma hora rola um certo afastamento.

De repente a pessoa some. Não liga, não manda mensagens, não whatsappeia... Quando adolescente essa característica era descrita com um adjetivo: antissocial. Mas, contraditoriamente, a sociabilidade tão natural contrasta com essa, digamos, peculiaridade.

Ter a duplabilidade (neologismo?) de saber aproveitar a solidão e aproveitar momentos na companhia de alguém, viver surfando nessa quase-dicotomia, não é tão difícil quanto parece. Ao menos pra mim. Difícil é explicar o porquê. Mas, não custa tentar. Afinal, talvez responda os afastamentos alheios, também. Geralmente ocorrem por dois motivos: de forma indireta e/ou direta.


Afastamento

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Suicida Sobrevivente - (55th's Sessions)

"A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, 
e quando existe a morte, não existimos mais" (SAMOS, Epicuro de)


Sobrevivendo



Mais uma vez acordo e não quero abrir os olhos. Sinto dores. É engraçado como não consigo reconhecer exatamente a área específica das partes do meu corpo a doer. Não sei exatamente que ponto da perna... Talvez a parte de trás do joelho que também não sei o nome. Não sei se a nuca ou o pescoço... Ou mesmo as costas. 

Ah! Foda-se! Meu sexo está dando bom dia ao dia, sem faltar. Isso me anima. A ereção matinal já me faz abrir um esgar de sorriso e ao mesmo tempo os olhos. Deitado de bruços, agarrando o travesseiro, meu quinto membro pressiona o colchão e, no auge de minha infantilidade, acho isso divertido; ao mesmo tempo viril.

As dores de viver somem. Os olhos fecham com prazer. O sorriso permanece e o pênis pulsa. Lá no "pé da barriga" a bexiga reclama "me ajuda aê, cara!". O esgar vira um pequeno ruído. Era um riso. A felicidade, como poucos imaginam, pode às vezes, aparecer entre bocejos, espreguiçamentos e ereções matinais.

Mas, o cérebro clama sua cota. Todos os pensamentos se voltam para a urgência na existência. E o céu vira inferno em questão de segundos. É manhã de terça-feira, as dores no corpo voltam, meu pau desfalece e vem o desejo inquietante de simplesmente morrer.

É. Eu sei. Estranho e, parece meio covarde. Mas, acordo querendo não ter acordado, às vezes. É uma cadência: imagino uma bala perdida esfacelando o cérebro; em tesmpestades, que alívio seria se um raio arrebatasse a minha alma para o céu; em minhas viagens de avião, quem dera um míssil o explodisse em pleno ar; em sonhos lindos e tranquilos, quem dera o coração batesse em outro plano de existência.

E aí, fim. Ponto. C'est fini.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Bad blocks: porque não caçar bons sentimentos em locais bad feelings

A partir de um certo ponto, não há retorno. Este é
o ponto que é preciso alcançar
.
(KAFKA, Franz)

 

Bad blocks


Viver é acumular experiências e por diversas vezes elas não são apenas boas. Grandes momentos podem ser recheados de bad vibes. Ah, mas o inverso também procede: Bad vibes podem ser recheadas de grandes momentos.

O que marca, guardamos na memória. E há um perigo de que se torne um bad block. E aqui vai uma explicaçãozinha (quase desnecessária) nerd e me desculpe por começar dessa forma

Um bad block é o que acontece com o HD (disco rígido) do seu PC quando há um setor defeituoso, que pode ter uma causa física (hardware) ou por conta de uma programação (software).

Você sabe que o HD, explicando de modo bem grosseiro, serve para gravar programas, documentos, fotografias, vídeos e etc. Mas, antes que isso pareça um tutorial tech sobre hardware e software vamos ao foco do tema:

Bad blocks, em nossas vidas, são pedaços do nosso contexto histórico, que por algum motivo foram danificados. Geralmente por super bad vibes, ou seja, experiências bem ruins, mesmo com pessoas ou coisas que deveriam ser boas.

Planos que não deram certo, pequenas e grandes tristezas, aqueles momentos que feriram as expectativas, os erros, fracassos... 

O emprego perdido, dívidas, fim de relacionamento, aquela pessoa que você amava loucamente e hoje finge que não te conhece, incompreensão, pequenas injustiças and going down, down, down...

Bad block
 

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Esperança: a arte de massacrar a alma

Da caixa de Pandora, na qual fervilhavam os males da humanidade, os gregos 
fizeram sair a esperança em último lugar, por considerá-la mais terrível de 
todos. Não conheço símbolo algum mais emocionante do que este. 
(CAMUS, Albert)

Esperança


Esperança: a arte de massacrar a alma


Era noite. Caminhávamos discorrendo filosofia pós-adolescente e coisas sobre filmes, jogos, RPG, mulheres e coisas assim. À época, ainda formava meu conceito sobre a existência do ser e sua relação com o mundo, mas eu era narrador e aspirante a escritor e isso significa que já havia configurado diversos universos em minha mente. Todos eles, lógico, baseados no existente. E aos poucos fui percebendo que esperança é uma dicotomia em si.

No caminho, enquanto divagávamos, encontramos um filhote que hoje a memória falha em relação à espécie (se gato ou cachorro). Meu bom amigo, um apaixonado pelas coisas da natureza, sempre avesso aos sofrimentos que as criaturas que não têm nosso raciocínio para se defender, logo se viu tocado.

Estava subnutrido, cheio de pequenas feridinhas, com os grandes e enérgicos olhos prescrutando qualquer movimento. Apesar da raça não me vir à mente com clareza, a expressão e as condições são inesquecíveis. Doía no peito de ver, sim.

Então, quase que instantaneamente, cheio de ternura e pena, o meu brother se dirigiu com afeto para acarinhar o pequeno animal. Eram sinceras as suas intenções. Eram as melhores possíveis. Ele estava realmente pesaroso por um filhote estar naquelas condições e éramos sempre impulsivos, meio inconsequentes, as emoções falavam mais alto sempre.

Mas, de repente, uma iluminação me fez gritar:

"NÃO!"

terça-feira, 14 de março de 2017

O combinado

"O planejamento, em excesso, asfixia a iniciativa e engessa o progresso" 
(SOUSAHélder Sena)



O combinado






O combinado parece um modelo mal
plagiado de Eduardo e Mônica, a diferença primordial é que o casal da canção está diluído entre os protagonistas dessa história de março.


Sim! Março. 2015. Pouco tempo depois das varias imigrações e aglutinações, a universidade decidira trazer a jovem guerreira até o laboratório de informática do térreo em definitivo.

Por mais que a parca memória flexione para maio (por conta do radical ou da rima), havia pouco tempo que ela completara 19 verões.