"Eu NÃO GOSTO DE 'BESTSELLERS'"...
Uma das minhas belíssimas frases de distinção. Meu Deus do céu,
Uma coisa sobre ser homem: se comportar como Shrek é totalmente aceitável (devidas às proporções, é claro!). Mas, na real? É um saco.
Sim! Um saco ter que ser inabalável, defender a virilidade o tempo todo pra tudo, nunca se surpreender - nem se assustar -, não fraquejar (falhar então, nem pensar!), não chorar e por aí vai. É
E aí você deixa de compartilhar um lado tão humano e isso faz toda a diferença.
Então... Vamos ao primor que eu disse em um momento recente. "A Culpa é das Estrelas", bestseller de John Green, narra a história de dois adolescentes que encontram a beleza do amor verdadeiro em meio a realidade dolorosa: ter câncer e morrer a qualquer momento.
Uma história de amor e morte como tantas outras a lá Romeu e Julieta, certo? Não. Não, mesmo.
A saga de Razel Grace e Augustus Waters é uma miscelânea de tantas sacadas inteligentes, comédia, drama, romance, tão bem escrita e envolvente que não tem como dizer: "é apenas mais um livro de amor/tragédia".
E quer saber? Eu gostei. Gostei muito! E me emocionei - mesmo. Sou sanguíneo. Minha mãe já me dizia: "Cuidado com os que tem um sorriso pronto." querendo me avisar que pessoas assim tem os sentimentos à flor da pele.
Mas eu não. Sou homem. Na metade do livro eu já procurava algo que denunciaria o final da história. Sei lá... Talvez pra reafirmar em mim o quanto posso ser inteligente... E sabem? Descobri (e se você não leu/assistiu o filme vou preservar o final porque... Ninguém merece, né? [rs]).
Mesmo percebendo como terminaria ainda no meio do livro, não diminuiu em nada o que a trama me fez sentir. Quantas vezes meus olhos marejaram... E frases como "... Sou uma granada prestes a explodir...", "... Há infinitos maiores do que outros..." e "... Tenho a necessidade de ser lembrado depois que partir...." ou (a minha predileta:) "... Não dá pra escolher se você vai ou não ser ferido nesse mundo, mas é possível escolher quem vai ferí-lo. Eu aceito minhas escolhas...." me acompanham até hoje.
Me identifico muito com o Augustus Waters e quando há simpatia pela personagem, não tem jeito!, você se transportar pra dentro do livro. O modo como ele defende a existência de Deus é exatamente como eu defenderia e a maneira como utiliza metáforas... Enfim. O livro é daqueles que te fazem não parar no primeiro capítulo. O devorei em 03 dias.
Ao devolvê-lo soltei a pérola de que apesar de não gostar de bestsellers o livro era muito bom. Olhando pra trás eu penso: que imbecilidade ter dito isso!
Porque não podemos, nós homens, demonstrar admiração por algo que toque o coração e a alma assim como fazem as mulheres? E porque temos que ser tão sóbrios? E me faço estas perguntas sabendo que eu (sem soberba ou prepotência) sou um cara diferente.
Quantas vezes me deparei num diálogo com algo que me parecia novo e vasculhei os recônditos da minha memória... Péra... Recôndito é Freud... "Vasculhei o canto mais obscuro da minha memória" (bem melhor, né?) alguma experiência que poderia ter sobre aquilo?
Caramba, velho! Como seria prazeroso ser surpreendido com o novo (mesmo que não o fosse realmente) e dividir a experiência da descoberta! Aliás, eu curto muito que me ensinem algo novo. Só que sou um pé no saco como aluno (por causa da minha mania de questionar quase tudo [curiosidade do mal]).
E quantos bestsellers eu já li na vida! Li os 07 livros da JK Rowling descrevendo a epopéia do garoto Harry Potter. Li quase todos os livros queridinhos do Dan Brown... Pelo amor de Deus! Li "Querido John" e curti (apesar de ter ficado meio down com o final da história - e com o que estava escrito na contracapa [rs]-[Êêê laiáá])... O primeiro que me recordo (sem contar os da Agatha Christie que minha mãe levava pra casa) foi "Um Ano Inesquecível" (do Nicholas Sparks) que vocês reconhecerão como a adaptação "Um Amor pra Recordar"...
E qual o meu problema em admitir? Sou um tolo. E olha que aprendi a me abrir como nunca nestes últimos anos, mas reconheço o quanto sem graça um cara pode ser.
Mas a imagem é de um DVD... E porque não o livro, se falo dele? Na verdade essa falta de tato shrekiana veio durante uma sessão de cinema. Onde, não sei bem o porquê, não quis deixar vir à tona o que sentia.
Achei incrível como uma história bem contada e roteirizada mexe com tanta gente: todo o cinema chorou - e umas pessoas mais do que outras. Todo o cinema sorriu - e umas pessoas, também, mais do que outras.
Porém, ao invés de me entregar (se é esse o verbo correto), decidi ser o homem; inabalável.
Brincando com pormenores e tirando o conforto de quem queria se mostrar por inteiro - afinal de contas é uma história emocionante. Coibindo com minha sobriedade a livre expressão de quem queria simplesmente se deixar emocionar. É, sou um tolo também!
E o pior? Quando a Razel (Shailene Woodley) cita a carta de despedida... E depois no finzinho do filme, chora de uma maneira única na cama, cara!, senti aquela dor... Cenas tão fortes e tão bem interpretadas que mexem comigo hoje.
Sabe? esse texto-resenha é sobre mim e menos sobre o filme/livro. Autocrítica. Sobre essa nossa falta de coragem em correr o risco de estarmos simplesmente vulneráveis.
Uma coisa que o filme/livro me fez pensar é que... Todos estamos morrendo. Independente de ter ou não câncer. A diferença entre nós e as personagens é que eles sabem que o prazo deles é curto. E nós vivemos como se tivéssemos a vida inteira pela frente. E é engraçado porque nós não temos controle nem do que acontecerá daqui 05 minutos.
Mas certas coisas tem que serem compartilhadas ao máximo - e nós podemos estender os nossos limites (sempre!). Porque senão o que fica é um eterno "e se...".
É tanta cobrança acompanhando a frase "seja homem" e o carinha não se permite admitir até que sente dor física, se analisar bem.
A única cobrança que me resta é o "seja você mesmo".
Porque às vezes, arriscar-se pode ser só deitar a cabeça no colo e deixar o sentimento acontecer.
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