Provoque o Leal
Me veio esse pequeno desafio nos diálogos da vida (com um amigo que já deu um tapa na minha [cara no sentido figurado]). Talvez duas palavras tenham surgido como sinônimas no nosso vocabulário: Lealdade e Fidelidade. Mas, parou realmente para pensar se elas retratam a mesma importância? O que faz uma pessoa ser leal? O que a faz fiel?
Sempre tive uma queda pela palavra lealdade e meu conceito sobre sua gêmea bi vitelina (fidelidade) já desenhava uma base bem estruturada. Sempre me questionei sobre a expressão utilizada na igreja que minha avó fazia parte: Jesus é grande e Deus é fiel. Eu, mesmo pequeno, pensava: Mas, leal é maior que fiel, não é?
Quando falamos dessas palavras lembramos de relacionamentos, não tem jeito. É a associação direta que fazemos. Onde a cobrança pela fidelidade é algo pulsante e urgente. Porém, não é tão complicado perceber a diferença gritante entre a linda lealdade e a possessiva fidelidade.
Percebam: ser fiel é um contrato; uma obrigação para o relacionamento. É o voto de não enganar o outro sentimental ou sexualmente. Quando você jura ser fiel, assina um termo de não passar o seu parceiro(a) para trás. Não tem a ver realmente com respeito, consideração ou mesmo amor. Alguém que odeie, despreze, não sinta interesse afetivo e sexual, nem respeito ou já desame o parceiro(a), pode simplesmente não trair por conveniência, por não ser o certo a fazer, falta de oportunidade, pra não perder a razão, medo das consequências e tantos outros motivos. De mesmo modo, alguém pode ser perdidamente apaixonada por alguém e não ser fiel.
Como assim? Você se pergunta? Paixão não é condição determinante de todas as atitudes. Já viu alguém namorando uma pessoa e estar totalmente apaixonada por outra? Por que isso acontece? Fidelidade é uma regra que pode ser cumprida ou não.
Lealdade é diferente. Lealdade é maturidade emocional. Lealdade é proteger, sem esperar o retorno. É transpor quaisquer regras para que o outro esteja e fique bem, que seja feliz. Lealdade não se encontra a preço de banana, não é barata como a paixão que se compra com poucas palavras, um rosto, um corpo bonito, bens materiais e uma combinação de hormônios. Quantas vezes você ouviu alguém dizer amar quem não merecia? Quem não queria o seu amor? Porque é algo, às vezes, que não dá pra controlar (e tenho minhas ressalvas sobre isso também).
Mas lealdade é outra coisa. Ser leal é uma escolha. Tem que querer ser; vem de dentro. Implica sacrifício, demanda empatia e entendimento do outro. Enquanto a fidelidade se mantem no raso do relacionamento (uma máscara para manter os costumes e a moral) a lealdade mergulha fundo na relação entre duas pessoas. Demanda atenção, cuidado, mesma vibe, respeito na decisão do outro (mesmo não concordando com ela - afinal somos diferentes).
Quando apaixonados é fácil proteger e cuidar de quem amamos. Ser leal vai além dos sentimentos envolvidos. Porém, quando a paixão esfria, esse cuidado também se esvai se não houver uma algo a mais que o mantenha, todo o bem querer fica para trás juntamente com o fim do sentimento. Ao bem da verdade, apesar de intenso e cheio de beleza, o amor em si é um ser muito egoísta. Cheio de pronomes possessivos, priorização, exclusividade, "tudo meu!" como diria a Lady Kate.
É um viés que nos leva de 0 a 100 em segundos; 8 ou 80. Que revela o melhor e o pior em nós mesmos. Que nos torna, novamente crianças, que não conseguem entender onde ela termina e onde o outro começa. É controle e invasão. E nesse cenário, qualquer perda é insuportável. A infidelidade é inaceitável. O amor mata, em jornais e revistas, por essa insubstancial intolerância.
Fidelidade é regra, acordo, trato. Quanto mais amor, mais pressão sobre o trato, mesmo que por vezes, a própria pressão exercida provoque a fuga às regras.
Lealdade é elevação moral. É admiração. Cumplicidades maiores que meras convenções. Alguém pode ser fiel por traço da lealdade e não por trato de relacionamento. É uma escolha. Esse mesmo alguém pode permanecer leal após o final do relacionamento, mantendo e protegendo a pessoa honrada.
Somos muito concentrados em nós mesmo. Nos sentimos traídos a cada segundo porque acreditamos que temos mais direitos do que quaisquer pessoas... Seja no emprego, colégio, transporte público. Numa conversa com amigos. Falamos sobre empatia, mas esquecemos o próximo. A nossa dor parece a maior dor do universo, mas é só deixar de olhar para o próprio nariz. É o nosso ego em tudo e quando essa frágil estrutura, que remete a nossa vida pessoal, é tocada, o mundo cai. É a obsessão em ter o controle do que não temos, de transformar as pessoas em coisas; de definir maneira de pensar e de agir. Apostamos tudo na fidelidade.
Não. Não é uma apologia à traição (espertinho[a]).
É uma proposta de readaptação de conceitos.
E só pra deixar claro e resumido:
Ser leal e tratado com lealdade é honra.
Ser fiel e tratado com fidelidade; mera obrigação.
Quando falamos dessas palavras lembramos de relacionamentos, não tem jeito. É a associação direta que fazemos. Onde a cobrança pela fidelidade é algo pulsante e urgente. Porém, não é tão complicado perceber a diferença gritante entre a linda lealdade e a possessiva fidelidade.
Percebam: ser fiel é um contrato; uma obrigação para o relacionamento. É o voto de não enganar o outro sentimental ou sexualmente. Quando você jura ser fiel, assina um termo de não passar o seu parceiro(a) para trás. Não tem a ver realmente com respeito, consideração ou mesmo amor. Alguém que odeie, despreze, não sinta interesse afetivo e sexual, nem respeito ou já desame o parceiro(a), pode simplesmente não trair por conveniência, por não ser o certo a fazer, falta de oportunidade, pra não perder a razão, medo das consequências e tantos outros motivos. De mesmo modo, alguém pode ser perdidamente apaixonada por alguém e não ser fiel.
Como assim? Você se pergunta? Paixão não é condição determinante de todas as atitudes. Já viu alguém namorando uma pessoa e estar totalmente apaixonada por outra? Por que isso acontece? Fidelidade é uma regra que pode ser cumprida ou não.
Lealdade é diferente. Lealdade é maturidade emocional. Lealdade é proteger, sem esperar o retorno. É transpor quaisquer regras para que o outro esteja e fique bem, que seja feliz. Lealdade não se encontra a preço de banana, não é barata como a paixão que se compra com poucas palavras, um rosto, um corpo bonito, bens materiais e uma combinação de hormônios. Quantas vezes você ouviu alguém dizer amar quem não merecia? Quem não queria o seu amor? Porque é algo, às vezes, que não dá pra controlar (e tenho minhas ressalvas sobre isso também).
Mas lealdade é outra coisa. Ser leal é uma escolha. Tem que querer ser; vem de dentro. Implica sacrifício, demanda empatia e entendimento do outro. Enquanto a fidelidade se mantem no raso do relacionamento (uma máscara para manter os costumes e a moral) a lealdade mergulha fundo na relação entre duas pessoas. Demanda atenção, cuidado, mesma vibe, respeito na decisão do outro (mesmo não concordando com ela - afinal somos diferentes).
Ser leal implica elo, elevação moral. Mais que sentimento envolvido: maturidade emocional. |
Quando apaixonados é fácil proteger e cuidar de quem amamos. Ser leal vai além dos sentimentos envolvidos. Porém, quando a paixão esfria, esse cuidado também se esvai se não houver uma algo a mais que o mantenha, todo o bem querer fica para trás juntamente com o fim do sentimento. Ao bem da verdade, apesar de intenso e cheio de beleza, o amor em si é um ser muito egoísta. Cheio de pronomes possessivos, priorização, exclusividade, "tudo meu!" como diria a Lady Kate.
É um viés que nos leva de 0 a 100 em segundos; 8 ou 80. Que revela o melhor e o pior em nós mesmos. Que nos torna, novamente crianças, que não conseguem entender onde ela termina e onde o outro começa. É controle e invasão. E nesse cenário, qualquer perda é insuportável. A infidelidade é inaceitável. O amor mata, em jornais e revistas, por essa insubstancial intolerância.
Fidelidade é regra, acordo, trato. Quanto mais amor, mais pressão sobre o trato, mesmo que por vezes, a própria pressão exercida provoque a fuga às regras.
Lealdade é elevação moral. É admiração. Cumplicidades maiores que meras convenções. Alguém pode ser fiel por traço da lealdade e não por trato de relacionamento. É uma escolha. Esse mesmo alguém pode permanecer leal após o final do relacionamento, mantendo e protegendo a pessoa honrada.
Somos muito concentrados em nós mesmo. Nos sentimos traídos a cada segundo porque acreditamos que temos mais direitos do que quaisquer pessoas... Seja no emprego, colégio, transporte público. Numa conversa com amigos. Falamos sobre empatia, mas esquecemos o próximo. A nossa dor parece a maior dor do universo, mas é só deixar de olhar para o próprio nariz. É o nosso ego em tudo e quando essa frágil estrutura, que remete a nossa vida pessoal, é tocada, o mundo cai. É a obsessão em ter o controle do que não temos, de transformar as pessoas em coisas; de definir maneira de pensar e de agir. Apostamos tudo na fidelidade.
Não. Não é uma apologia à traição (espertinho[a]).
É uma proposta de readaptação de conceitos.
E só pra deixar claro e resumido:
Ser leal e tratado com lealdade é honra.
Ser fiel e tratado com fidelidade; mera obrigação.
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