quarta-feira, 24 de junho de 2015

Crônicas do Frio (24) - Antes da Meia Noite

Antes da Meia Noite (Dia de Nada) 

- sei lá -.

"Feliz novo dia" seria o que ele diria.

Hoje, dia de nada, o sono aumentando os nós do lado dele da corda.

Hoje, nem sei a data, o bocejo e os hormônios - sei lá - fazem a chuva e esse frio serem mais foda.

[pede parada~entra e se acomoda num assento do lado da janela]

Digo que não, mas sinto o que sinto. Não falo que sim, mas no outro insisto.

Mas, na boa, nem dizer... eu... Poderia.

Um pingo de tudo sempre vem nessa lagoa em dias como estes. E ele sozinho faz ondas na estrutura inteira.

É. Na minha. Não queria mais falar palavrão, mas puta que pariu... - sei lá -.

Olho através do vidro lavado pela chuva. Há um espectro meu lá fora.

Me observa como se dissesse: acompanhada, mas sozinha (sei que não, só que... - sei lá -.)

Um fantasma me faz ouvir sobre o clima...

Uma explicação insuportavelmente espertinha de quem lê inutilidades pra me impressionar... Ou a si... - sei la -.

Os solavancos fazem meus cabelos desgrenharem. Parece que está aqui, me olhando, nesse dia de nada. Dá raiva.

[seres vivos temporários vêm e vão, entram e saem da visão]

Minha alma tenta sangrar, começo a enxergar pelos vitrais inundados do que sinto e sentia.

Mas, na boa, entender... eu... Nem saberia.

Mordo um dos meus dedos derramados sobre o rosto que ferve (prefiro-os aqui - sei lá -, me protegem).

Sinto o abraço efêmero do famoso "tudo vai ficar bem" e sei que não posso pensar.

Vem meu orgulho e a tudo autua. O enfrentaria, mas hoje é daqueles dias, tem gente olhando... O que eu diria... - sei lá -.

[respira fundo~troca canção no media player do celular]

Foda, dia de nada, o sono aumentando a porra dos nós do lado dele da corda.

Mas, na boa, se quisesse... eu... Superaria.

Certeza, lembrei a data, são os hormônios que fazem eu me sentir - sei lá - meio idiota.

[confere cabelo e maquiagem~pede parada~desce do coletivo]

Digo que não, digo e repito. Não falo que sim, nem tento persistir, 

não penso mais no quesito.

[atravessa a rua~se aproxima demais do muro~lembra que precisa se afastar]

Hoje é nenhum dia, dia de nada, as horas vão passar rapidamente... 

Do jeito que eu queria.

Mas - sei lá -, as 23:59 estaremos acordados... E ao rodar o relógio...
 

"Feliz novo dia" seria o que ele diria.

- sei lá -.

#PHpoemaday

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