Minha caligrafia,
única, pessoal...
Remete a quem
realmente sou e por vezes reflete minhas tendências literárias, conceitos e
personalidade.
O topo das letras
sempre fora meio arredondado e fechado...
Como diria depois que comecei meu curso pessoal de design gráfico: “o topo sempre fora em filete”.
Como diria depois que comecei meu curso pessoal de design gráfico: “o topo sempre fora em filete”.
A parte que se
estende para baixo depois de um tempo ficou curvilínea e circular; rechonchuda por assim dizer (mesmo sem
que eu percebesse), apesar de haver aqui e ali sinuosidades que acinturassem-na, ainda lembrava e muito
às formosas ninfas que são expressas em famosas pinturas, não pela beleza – ou
pelo aspecto artístico –, mas pelo padrão. Aquela representação grega, muito
próxima à minha caligrafia, apesar de fugir aos padrões estéticos atuais, é
admirada com fascínio por muitos.
Os caracteres que deito
sobre os papéis são também os códigos
que utilizo para despejar no mundo o meu próprio mundo. As ideias e conceitos,
as sensações e as percepções, definições e opiniões, senso de humor.
À primeira vista a impressão
que a minha caligrafia causa sempre é positiva.
Por vezes eu ouço: “Que letra bonita!” quando por diversas vezes eu mesmo, perfeccionista que sou, duvido muito na graça que parece envolvê-la.
Por vezes eu ouço: “Que letra bonita!” quando por diversas vezes eu mesmo, perfeccionista que sou, duvido muito na graça que parece envolvê-la.
Algumas vezes os seus arredondamentos
transformam-se em ângulos rudes, porém incisivos e objetivos; agressivos e severos,
mas bem definidos. E mesmo assim, parece agregar certo charme à escrita.
Os pensamentos e
ideias que ela veste e representa também dão ares de admiração assim que
conhecidos.
Nesse primeiro momento são classificados como inteligentes, sedutores, peculiares e singulares. É, como no conceito grego, belo. Digno de entusiasmo.
O que surpreende é saber
que após um tempo quem observa a caligrafia encontra falhas de criação. E essas
insuficiências fazem com que a leitura ao que escrevo seja deliberadamente deixada
de lado.
Por sugestão, descubro que o topo deveria ter serifa – com a extremidade quadrada e estendida, ao invés de ser fechado e com filete.
Desse modo, se encaixa num padrão e facilitaria a leitura; tornando-a mais agradável.
A serifa é realmente interessante e adapto ao meu estilo de escrita.
Percebo então, que as circunferências notadas por quem acompanha minhas composições é motivo suficiente para afastar os olhos dos textos em que são inseridas.
Tais círculos atrapalham o senso estético
tornando a simples menção à leitura quase repelente.
Não menos estático
fiquei ao descobrir que as razões, ideias e ideais que as letras defendem
também são contestados e repelidos.
Conceitos não mais valorizados; Sensações ditas como exageradas; Senso de humor desestimado; Conhecimento de mundo desprezado.
E ironicamente, a
caligrafia não é mais digna de admiração e fascínio.
Exatamente por ser o que ela foi quando se tornou em admirável e defender o que ela defendeu quando se moldou em fascinante.
Exatamente por ser o que ela foi quando se tornou em admirável e defender o que ela defendeu quando se moldou em fascinante.
Surge então a
proposta de readequar a caligrafia para que encontre a estética necessária para
seduzir e encantar o olhar... Uma vez mais.
Isso é possível.
Isso é possível.
Um caderno de
caligrafia é uma prisão estética
aceitável.
Porque é a estrutura
física da letra não é exatamente quem nós somos.
Pouco importa (apesar de exteriorizar como expressão) a forma com que a caligrafia é derramada numa folha de papel.
Pouco importa (apesar de exteriorizar como expressão) a forma com que a caligrafia é derramada numa folha de papel.
Mas modificar o que
minha escrita defende para ser atraente é trair meus próprios princípios; É
hipocrisia.
Isso é impossível.
Uma lavagem
intelectual e social é uma prisão inaceitável.
Porque as palavras que as letras
constroem são a transcrição da alma e a essência não muda para se adequar à
estética.
#PHpoemaday
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