Majestaaade... Perdão? Ah! Não sabia que minha reverência não tinha importância. Deveras, estou eu sempre a postos como um cão e dependente como uma criança. Mas, quem dera, sou apenas serviçal e faz parte do meu ofício banal trata-lo como um ser sem igual. Hmmm... Vejo que não mais te interessas por aquilo que prometestes mundos para possuirdes. “Tudo passa” é o que dizes? Então é lei o que dizes... Oh! Nosso rei!
A plebe pede mais deixar-se afetar e menos... Afetação? Ah! Não penses tal desdouro de teu servo. Só porque não sou tão belo e sábio como vós, não significa escárnio o bem querer sincero. No entanto, é claro e com espanto que o povo nota a diferença. Nas canções de outrora tão vívido e hoje, dizem, fria sua presença. Entendo... E estou sempre contigo bem o sabes, porém o que sucedeu a angústia e entrega que apregoavas? Soube que as proíbes... "Não temos tempo" é o que dizes? Então é a lei o que dizes... Oh! Nosso rei!
Não é cinismo, senhor dos senhores... O que é então? Ah! Devo sussurrar ao teu ouvido para que ninguém ouça e pense que sou um atrevido. Ontem enaltecido e revigorado eras... Hoje, míope velhaco agindo como as feras. Desculpe, não sou eu quem o diz... As paredes falam e ecoam no beco aprendiz. Aliás, a singela comparação bestial, não é por mal... É pela desinteligência emocional. Perdoe o arraial, Olimpo de todos os reinos, mesmo em descrédito, saiba é em ti que eu creio... “Desapegar é o que há” dissestes isto? Então é a lei o que tens dito... Oh! Nosso rei!
Deixe esse pobre bufão ignorante entender-te, Oh! Senhor de todos os homens. Por que devoras hoje algo que não tem nome? Por que não mais salvas a mais bela donzela? Por que não mais, atravessado pela seta, expressas homenagem singela? Por que hoje somes no teu trono ao invés de ganhar mais um coração? Por que não mais escrever canções e exaltas a ti como única salvação? Por que te entregas à ira, luxúria, preguiça e a avareza? Por que não és mais soberano, mesmo no alto dessa realeza? Ouço as invocações e evocações que lá de baixo vem a ti. Vejo as insanidades ainda cometidas de quem quer sua benção para si... Faça entender a esse jovem menestrel. Em que momento abandonastes o penhor em ser amável...? “Quando o homem me tornou descartável” dissestes o impensável? Então é a lei, mesmo sendo abominável... Oh! (...)
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A Realeza (e a Plebe) #2
Bebo você. Te tomo inteira. Te absorvo até a fisiologia dizer chega. E arfar sofregamente. Num gemido exigente... Em busca do ar.
Assalto o que é teu. Te torno minha totalmente. Te arranco o véu e desnudo ferozmente. E febril faço o Céu do seu corpo. Me rasgue o dorso mais um pouco. Um revide satisfeito no prazer da dor... Que pensas causar.
Devoro teu ser. Te provo em tudo e em detalhe. Te abocanho o juízo e me delicio em cada curva em toda parte. E invado a tão gentil fortaleza. Ao reino terremotos, tempestades... Um plebeu adentrou a realeza.
Envolvo o teu-meu. Te acolho frágil e meiga. Te enlaço cansaço-em-cansaço. E misturo humores em gentil compasso. Um perder-se para sempre em ti: eu, vagabundo... Você, princesa.
#PHpoemaday
Nenhum comentário:
Postar um comentário