Desperta. Os olhos no teto. Estes gradativamente assimilam a escuridão. E, no quarto, as imagens assumem palmo a palmo um padrão. Enche de ar os pulmões. De...va...gar... Prende a respiração. Na cama. O calor que emana próximo deita-lhe um breve calafrio de satisfação. Liberta o ar dos pulmões. De...va...gar... Move a cabeça à procura da fonte e o emaranhado de lençóis desnudam dedos numa suplica preguiçosa. Tão próximos que o foco do todo se perde e o quarto é uma mistura acinzelada de tons, sons quase inaudíveis... E só há cores nos perfumes, sabores nos gestos mais procurados e ao mesmo tempo evitados.
Arrisca. Os olhos nos seios da mão que pede. Revela com suave movimento do rosto o pulso por baixo do edredom. Desliza, aspirando o gosto dos relevos, suavemente... Paulatinamente. Suspiros de sonolência se fazem ouvir. Um revirar e a mistura de colcha, coxas e curvas, desenham enlevos que lembra os montes fluminenses. Aguarda o protesto atenuar. Di..ssi...par... Pousa os lábios vagarosamente onde no braço a artéria está evidente.
Prossegue. Os olhos fixos nas linhas sinuosas a seguir. Resvalando o maxilar como acariciar. Tem certeza que não a despertará. "Ao menos não, até chegar onde quero chegar." Revela o colo e o hálito já quente mostra a direção. Seguindo a artéria, a boca sedenta pelo toque ao pescoço - que tanto queria. Viu arrepio. Parou completamente e simulava que jamais ar teria.
- "Estou acordada desde os dedos, Amor..." Ela abre os olhos e desafia: - "pensou mesmo que nesse jogo você me venceria?"
#PHpoemaday
Nenhum comentário:
Postar um comentário